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Um Olhar para o corpo

Mulheres que correm com os lobos, de Clarissa P. Estés, é um livro clássico que inspira a cada tema tratado. Há uma parte em que ela enfatiza a importância do corpo para que a alma possa se expressar com toda sua graça e beleza. Toca fundo a frase:  ”o corpo é um Deus por si só, um mestre, um mentor, um guia autorizado.”

Vejo essa verdade estampada em cada atendimentos com a terapêutica tântrica. Um processo sensível onde há todo um convite para sentir a partir do corpo, para abrir a sensorialidade, para se abrir para ser e sentir todo o potencial de vida registrado no corpo.

Logo no início de um atendimento com a sensitive massagem, é possível perceber a falta de conexão com sentimentos e emoções que estão vivos dentro do corpo da pessoa, mas que não tem permissão desta para serem expressos, ao contrário, parecem estar trancados com muitas chaves. Também é fácil observar durante os atendimentos os apegos às ideias, algumas depreciativas e castradoras que as pessoas têm sobre si mesmas e que as impedem de fazerem contato com a vida interior.

Muitos julgamentos sobre o próprio corpo, comparações desleais por julgar só o externo, não apreciando o que está dentro, não considerando tudo o que este corpo já viveu e não levando em consideração as superações de suas cicatrizes.

Ao aceitar o convite para se conectar com toda a vida do corpo, saindo dos preconceitos e renunciando aos velhos paradigmas, vejo homens e mulheres vivendo sensações e emoções tão singulares, que se eles olhassem suas faces em um espelho, ou parassem para apreciar seus movimentos espontâneos, não se reconheceriam.

Não raro as coisas acontecem semelhante ao que vou descrever agora sobre uma sessão da Terapêutica tântrica:

Vou tomar por exemplo uma pessoa que chega para uma sessão de sensitive massagem, suponhamos uma mulher de 48 ou 50 anos que se queixa de falta de libido, que não se sente atraente, que afirma não conseguir ter prazer e que faz sexo com o parceiro apenas para satisfazê-lo.

Depois de aprofundar a “anamnese” com essa pessoa e ter apresentado todo o processo da terapêutica a ser aplicada para atuar nas queixas que foram verbalizadas, é informado o passo a passo da sessão a fim de que a pessoa possa ficar à vontade para explorar sua sensorialidade, no seu ritmo.

Através de um toque leve, sutil, com a ponta dos dedos, tem início uma massagem suave que vai trabalhar todo o corpo dessa pessoa. O objetivo é ativar a bioeletricidade e criar caminhos novos para a circulação de energia, e apenas isso já provoca de início um relaxamento e uma abertura da sensibilidade. Com pouco mais de 10 a 15 minutos da sessão, já é possível observar movimentos sutis acontecendo, as vezes, um pequeno riso, as vezes uma vontade de chorar segurada na garganta, as vezes pequenas contrações em algumas partes do corpo, mas quase sempre a expressão é contida, a pessoa não se sente com liberdade para expressar, na verdade, nem percebe que está segurando seus sentimentos.

Ao perceber alguma tensão ou emoção não expressa, costumo pedir para a pessoa dizer em uma palavra ou uma frase, qual a sensação que ela sente no momento, indicando ou não a região do corpo onde observei a contenção e, as vezes a pessoa sussurra que sente, conforto, relaxamento, dor, medo, raiva, tristeza ou seja, uma variedade de emoções ou sentimentos que estão em vias de se manifestarem, se tiverem a permissão.

Convido a pessoa a respirar nesta sensação e deixar vir a emoção que está ligada àquele sentimento, muitas vezes vem choros profundos, doídos, outras vezes vem lágrimas apenas, em outras vezes aflora um ímpeto de raiva, que com um pouquinho de incentivo, pode ser expresso com uma forte catarse e o que fica após a liberação da emoção é um espaço enorme, muitas vezes silencioso, a respiração suaviza ao mesmo tempo que se aprofunda e ondas de risos ou de prazer começam a circular, deixando naquele rosto antes tensionado ou sem vitalidade, um sorriso suave e terno como as imagens dos pequenos budas. Adoro o meu trabalho.

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